Vol. 9
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História de Portugal, popular e ilustrada - Volume 9:
Da chegada ao Mindelo até ao enterro de D. Pedro
Pág. 1 - Marquês de Fronteira
D. José Trasimundo de Mascarenhas Barreto, que tal era o nome do 7º marquês de Fronteira, nasceu em Lisboa a 4 de janeiro de 1802; aos dez anos assentou praça em cadete no regimento de infanteria 4, até que em 1820 foi transferido para infanteria 1 com o posto de alferes. O general conde de Vila-Flôr qui-lo para seu ajudante de campo e desse modo o acompanhou D. José Trasimundo enquanto durou a batalha, começada pelo futuro duque da Terceira, contra os rebeldes que teimavam em não reconhecer a carta outorgada em 1826. Por esta época foi feito par do reino o marquês de Fronteira. Quando D. Miguel deu o golpe de estado e se proclamou a realeza absoluta, o marquês emigrou para Inglaterra e França donde regressou em 1832, como ajudante de campo do duque Bragança, seguindo-o na expedição aos Açores, desembarcando no Mindelo. Era tenente, mas os actos de bravura que praticou em Ponte-Ferreira fizeram-no promover por distinção a capitão. Logo que o duque da Terceira iniciou a sua célebre diversão ao Algarve, o marquês de Fronteira foi com ele como ajudante de campo. Nas lutas políticas o marquês de Fronteira sempre se mostrou autoritário e resoluto, pertencendo, por conseguinte, ao partido cabralista, partido de que o comandante da Guarda municipal, seu irmão D. Carlos de Mascarenhas, era o principal sustentáculo. Ao rebentar a revolução de 1840, mais conhecida pela denominação de Maria da Fonte, foi o marquês de Fronteira eleito governador-civil de Lisboa, cargo que exerceu até 1851, época em que subiu ao poder o governo regenerador. Por esse motivo demitiu-se de comandante das guardas nacionais. Foi oficial-mor da casa real, na qualidade de vedor, sendo também mordomo-mor de D. Estefânia. O marquês era de uma memória proverbial e como assistira a muitos e importantes acontecimentos, a sua conversação entretinha bastante. Consta que deixou memórias, mas que se conservam inéditas, o que é, aliás, para lamentar. Faleceu em 19 de fevereiro de 1881, contando 79 anos. O retrato que aqui damos é copiado de uma excelente litografia de Maurin, que veio na antiga Revista Contemporânea.
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Pág. 5 - Relicário de ouro esmaltado
Foi uma das mais brilhantes peças artísticas que figuraram na Exposição retrospectiva de arte ornamental, em Lisboa, em 1882. - É obra do século XVI, e pertence ao Asilo Maria Pia, da capital.
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Pág. 9 - Entrada das tropas liberais em Lisboa
Reproduz-se de uma excelente litografia de Legrand, impressa em 1844 numa Revista militar da época, esta gravura representativa da descrição feita a págs. 268 e seguintes deste mesmo volume. A figura que se vê à frente é a do valente duque da Terceira.
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Pág. 13 - D. António Moniz, bispo do Porto
Em 11 de março de 1789, nasceu em Moncorvo, filho de Francisco José Nunes da Fonseca e Ana Maria de Madureira Ferreira da Costa, D. António Bernardo da Fonseca Moniz. Muito novo ainda, dedicou-se aos estudos primários, demonstrando aplicação e simpatia peias letras; depois dos exames seguiu o curso de disciplinas que são o começo da instrução académica; concluídos os seus estudos preparatórios, cursou a Universidade, recebendo em 1814, o grau de bacharel em direito e, seguindo a sua natural inclinação, estudou a carreira eclesiástica, obtendo ordens sacras em 1816; passado algum tempo foi nomeado vigário-geral da comarca de Valença, arcebispado de Braga; durante três anos exerceu esse lugar com tal proficiência que após um concurso que o proveu na abadia de Géneses, em Esposende, o arcebispo D. Miguel da Madre de Deus nomeou-o, em 4 de setembro de 1819, procurador-geral da mitra do arcebispo de Braga, sendo mais tarde desembargador da relação metropolitana, promotor apostólico, examinador sinodal e vigário-geral do arcebispado em 2 de janeiro de 1821, cargos, que ocupou juntamente com o primeiro. Em 1824, estando vago o arcediago de Neiva, foi este prelado elevado a essa categoria; em junho de 1826, por concurso, foi provido para a abadia de Santa Eulália de Beiriz. Até 1833 permaneceu aí, retirando-se então por ser a época das lutas liberais. O duque de Bragança, sabendo seu mérito e virtudes, nomeou-o, em 1834, governador do bispado de Coimbra; em 2 de junho seguinte Tesoureiro-mor da Sé metropolitana. Foi em 1835 nomeado cónego da dita Sé; em 1836, foi transferido do arcebispado de Coimbra para o de Braga. Em 1840, foi elevado a bispo do Algarve. Passadas umas dissensões com a corte de Roma, foi confirmado bispo do Algarve pelo papa Gregório XVI. O clima do Algarve abalou-lhe muito a sua robusta saúde, motivo por que D. Maria II, que muito o prezava, fê-lo transferir para a cidade do Porto, logo que vagasse um lugar de bispo, falecendo pouco depois.
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Pág. 17- Rodrigo Pinto Pizarro, Barão da Ribeira de Sabrosa
Anda tão ligada à política do período de que se trata neste 9º volume da Historia de Portugal, que inútil será repetir aqui em nota, o que no decurso do volume se diz acerca deste notável personagem; e o que aqui dizemos deste político, pode aplicar-se a muitos daqueles cujos retratos figuram na nossa já larga galeria, o que nos poupará o trabalho de lhe fazer a biografia, contentando-nos em dar as indicações necessárias para justificar a autenticidade dos respectivos retratos. O de Pinto Pizarro é reprodução duma excelente litografia de Santa Bárbara estampada em 1841.
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Pág. 21 - Alegoria ao reinado de D. João VI
Foi memorável todo o primeiro quarto do século XIX pela abundância de alegorias históricas alusivas aos variados episódios daquelas tormentosas épocas. Esta é composição de Domingos António Sequeira, e foi gravada por Queiroz em Lisboa em 1817. - A legenda que a acompanha (Exegit monumentum aere perennius) quer dizer em linguagem: «Levantou um monumento mais perdurável do que o bronze».
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Pág. 25 - Joaquim Bernardo de Mello Nogueira
Reproduz-se este retrato do valoroso militar de uma curiosa litografia de J. Vilas Boas, 1846, segundo desenho de Santos. A epígrafe que acompanhava aquela litografia é nestes termos: «O Tenente Coronel de Cavallaria Joaquim Bernardo de Mello Nogueira do Castello, encostado à espada que lhe dera S. M. lmp. o Sr. D. Pedro 4º em o 1º de Abril de 1832, na ilha 3ª, única feita no pequeno Arsenal daquele Baluarte da Fidelidade, e Base da Restauração da Pátria».
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Pág. 29 - Custódia de prata dourada
Foi uma das preciosidades artísticas mais admiradas da celebrada Exposição retrospectiva da arte ornamental realizada em Lisboa em 1882. - É obra do século XVI, pois, foi executada em 1527, e pertence à Sé de Coimbra, cujo tesouro tão rico é em preciosidades desta ordem.
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Pág. 33 - Estampa alegórica da Constituição
Intitula-se no original Estampa constitucional; foi delineada por Luiz António, e gravada por S. Fortes, e vendia-se na «Loja de Bebidas de Manuel da Silva, defronte do chafariz da Alegria, nº 56 1, Lx.» Na parte inferior lê-se a Significação da presente alegoria: «A muito nobre e distinta cidade do Porto é representada na figura de uma respeitável matrona tendo a frente ornada de castellos e as armas que a distinguem; ella se mostra no centro de dois valorosos guerreiros com a espada levantada jurando a Constituição; o guerreiro que se mostra à sua destra, representa a aguerrida Tropa da capital; o que se vê à sua sinistra, representa a Tropa das províncias. Em lugar distinto e superior se deixa vêr a nossa santa Religião, da qual emana um raio de luz, que se reflecte sobre a efígie do nosso muito amado soberano D. João VI. O Génio da Nação o coroa, e Minerva, acompanhada da Prudência e da Vigilância, lhe apresenta a Constituição; do lado direito se divisa a populosa cidade de Lisboa com três W ligados, que significam os três vivas que soaram em todo o Portugal; no fundo um tronco secco, e no obelisco, que sobe às esferas, está escrito: Gloria de Reis. Hercules calca aos pés os horrorosos vicios, a História escreve as acções gloriosas, e memoráveis que eternizam, desde remotos séculos, os invictos heroes da Luzitania, o Génio Nacional extermina a estupidez para fora da Luza Monarquia: a figura da Nação mostra em um quadro o prospecto do Palácio do Governo e admira, com o mais vivo transporte de alegria, a união e regosijo com que áquella praça concorreu a valerosa Tropa e fiel povo português no memorável dia 15 de setembro de 1820. Junto ao mesmo quadro se vê um tronco que principia a reverdecer com esperanças da mais brilhante primavera. A Poesia, figurada nos cysnes decanta sobre as margens do Tejo, a nobre resolução dos afamados heroes do Tejo e Douro, os quais não satisfeitos com os pretéritos, mas nunca esquecidos triunfos, ambicionam fervorosamente immortalisar a gloria do nome português.»
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Pág. 37 - John Schwalbach - Barão de Setúbal
Reproduz-se duma excelente litografia inglesa, desenho de J. J. Forrester, estampada por E. de Morton, o retrato deste militar inglês, que tanto figurou nas lutas políticas de 28 a 33.
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Pág. 41 - D. Maria II
A justificação da reprodução deste retrato está no simples enunciado que se lê nas palavras que o acompanham na nossa estampa, pois que já no volume antecedente demos outro retrato daquela soberana.
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Pág. 41 - D. Pedro IV
Aplique-se ao presente retrato, pois que a origem é a mesma, o que acabamos de dizer do de D. Maria II.
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Pág. 45 - Igreja matriz de Figueiró dos Vinhos
É do orago de S. João Baptista esta igreja, notável pela sua vastidão e antiguidade, e que, no dizer de Pinho Leal, é o único bom de Figueiró dos Vinhos.
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Pág. 49 - P. J. Le Charlier
É copiado este retrato duma notável gravura que vem num livro francês, narrando a história da expedição belga ao serviço de D. Miguel em Portugal.
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Pág. 53 - Emblema do Corpo de atiradores belgas comandado por Le Charlier - Um soldado do corpo de atiradores belgas
Qualquer destas duas gravuras é reproduzida do mesmo livro, donde copiámos o retrato de Charlier.
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Pág. 57 - General Osório
João de Gouveia Osório da Costa, cujo retrato a nossa gravura representa, é avô do actual sr. conde de Proença a Velha; nasceu em 1777. - Cadete do regimento de infanteria nº 11 em 1790, foi à guerra peninsular, sendo promovido por distinção a capitão e merecendo nas lides do exército encarecidos louvores pela sua bravura, etc. Teve a cruz de ouro nº 6 correspondente às campanhas em que entrou na dita guerra e foi cavaleiro das ordens de Cristo, Aviz, e Torre Espada, etc. - Comandou a legião lusitana na cidade da Baía, foi general da provinda da Beira-Alta, e comandante da quarta divisão no cerco do Porto. Morreu a 21 de julho de 1853. Acerca deste valente general legitimista, escreveu M. Pinheiro Chagas uma notável biografia, que não foi posta à venda, na qual vem o retrato, a cromo do ilustre biografado, cópia de retrato de família. Dele copiámos o que vem na nossa História.
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Pág. 61 - Candelabro-monumento a D. João VI
Não tem indicação alguma bibliográfica a gravura donde reproduzimos a que o leitor tem à vista. Simplesmente a gravura original é um pouco maior, e por isso nela se lê melhor a quadra que se divisa no pedestal e que é assim concebida: Mais q Príncipe sou / Chego a ser Jove / No carro triunfal / Que a Lisia move. //
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Pág. 65 - Desembarque de D. Miguel no cais de Belém
O original desta estampa é uma litografia, de um magnifico desenho de Sendim, editada por António Patrício Pinto Rodrigues. Na margem inferior dela, vê-se a seguinte legenda: «Estampa, que representa o faustissimo e sempre memorável dia 22 de Fevereiro de 1828, no acto do desembarque do Augustissimo Senhor D. Miguel, no cães de Belém, e o immenso concurso de todas as classes de pessoas, que faziam retumbar o ar com acclamações de repetidos vivas e applausos, pelo desejado regresso de hum Príncipe, que a Providencia Divina tinha destinado para a felicidade da Nação Portugueza, como seu Anjo Tutelar.» A estampa original mede 0,51 por 0,33.
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Pág. 69 - S. M. Imperial, a Duquesa de Bragança
Reproduz-se este pequeno retrato pelas razões já expostas, quando nos referimos aos retratos de D. Maria II e D. Pedro IV, apresentados em página 41 de este 9º volume da História.
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Pág. 73 - D. Miguel Pereira Forjaz Coutinho
Reproduziu-se este retrato duma excelente gravura de Francisco Tomás de Almeida, discípulo de Bartolozzi, que corrigiu a gravura, feita sobre um retrato pintado por D. Esquioppeta. - Na parte inferior da gravura lê-se: «D. Miguel Pereira Forjaz Coutinho, do conselho de sua alteza real, grã-cruz da ordem de S. Tiago da Espada, tenente-general dos reaes exércitos, inspector geral das Milícias, secretario dos negócios estrangeiros, da guerra e da marinha. Dedicada ao mesmo Ex.mo Sr. por seu mais attento servidor Francisco Tomás de Almeida.»
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Pág. 77 - Interior da igreja matriz de Figueiró dos Vinhos
Veja-se o que, pouco acima, dizemos desta igreja, nas linhas relativas ao mesmo edifício, no seu aspecto externo.
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Pág. 81 - Fernando de Sousa Coutinho Castello Branco e Menezes
Reproduziu-se este retrato duma excelente gravura de F. T. de Almeida, de 1815, cópia de outro pintado por Domingos António Sequeira. - Na parte inferior da gravura original lê-se: «Fernando Maria José de Sousa Coutinho Castello Branco e Menezes, marquês de Borba, conde de Redondo, governador do reino e administrador geral do erário régio. - Dedicado ao mesmo Ex.mo Sr. por seu muito obediente súbdito Francisco Tomás de Almeida.»
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Pág. 85 - Cálice de ouro esmaltado
É obra do século XVI e pertence ao opulento tesouro da Sé de Évora o cálice que a nossa gravura representa e que figurou em 1882 na Exposição retrospectiva de arte ornamental realizada em Lisboa.
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Pág. 89 - Joaquim José Ventura da Silva
Professor de instrução primária e secundária e um dos melhores calígrafos portugueses; nasceu em Lisboa a 14 de março de 1777, e morreu a 5 de setembro de 1849. Escreveu: «Regras methodicas para se aprender o caracter da letra ingleza, acompanhadas de umas noções de arithmetica, offerecidas ao sereníssimo senhor D. Pedro, príncipe da Beira», Lisboa, 1803, que depois saíram em 2a edição (1819) com o título alterado, e ainda em 3ª edição em 1841; «Regras methodicas para se aprender a escrever os caracteres das letras ingleza, portuguesa, aldina, romana, gothica, itálica, e gothica germania, offerecidas ao sereníssimo sr. D. Pedro, príncipe da Beira», 1803; «Descripção topographica da nobilíssima cidade de Lisboa e plano para a sua limpeza, etc.», Lisboa, 1835; e «Novo methodo de ensinar e de aprender a ler, etc.», Lisboa, 18.. - O retrato que aqui damos é copiado de uma finíssima gravura de Queiroz, feita sobre um desenho de Henrique José da Silva, irmão do retratado e um dos mais distintos desenhadores do princípio do século XIX. Aquele retrato é o que acompanha a 1ª edição (1803), das «Regras methodicas, etc.».
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Pág. 93 - Torre junto à velha cadeia de Figueiró dos Vinhos
Não temos dados para descrever esta torre, que é uma das mais curiosas antiguidades de Figueiró dos Vinhos. Esta vila recebeu em 1176 foral de D. Pedro Afonso, filho natural de D. Afonso I, foral confirmado em Santarém por D. Sancho I em 1187, e mais tarde, 1218, novamente confirmado em Santarém por D. Afonso II. D. Manuel deu-lhe novo foral em Lisboa em 16 de abril de 1514.
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Pág. 97 - A vila da Praia é atacada pela esquadra do usurpador em 11 de agosto de 1829
Reproduz-se esta estampa dum excelente desenho de Sendim, litografado por Manuel Luiz, (Rua Nova dos Mártires, 12), que mede 0,37 por 0,28. Era o primeiro de uma série de «Quadros Históricos da Liberdade Portugueza desde 1828 até 1834.» - Vinha acompanhada do texto em 4 páginas, a 2 colunas, no formato da própria estampa, e impressa na Imprensa Nacional.
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Pág. 101 - D. Pedro de Menezes - Marquês de Marialva
Mandámos copiar este retrato duma soberba gravura aberta por C. S. Pradier, «pensionário de S. M. Fidelíssima e sócio da Real Academia das Belas-Artes do Rio de Janeiro», feita sobre um retrato pintado por Madrazzo. Este marquês de Marialva era estribeiro-mor de D. João VI e seu embaixador na corte de França.
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Pág. 105 - Convento dos Carmelitas Descalços, em Figueiró dos Vinhos
Este convento, que é dos edifícios mais antigos de Figueiró dos Vinhos, foi fundado por D. Pedro de Alcáçova.
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Pág. 109 - Luiz Gonzaga Pereira
Nasceu este distinto artista em Lisboa, a 21 de junho de 1796. Aluno premiado da antiga aula de desenho e arquitectura, foi provido num lugar da provedoria da casa da moeda de Lisboa, e depois cursou a aula de gravura de cunhos. Despachado gravador do mesmo estabelecimento, exerceu ali a profissão por mais de 50 anos. Atacado de paralisia em setembro de 1857, foi-se-lhe agravando esta enfermidade até que se finou a 8 de setembro de 1868 na casa em que residia, na rua da Bela Vista à Graça. - Nas horas vagas entregava-se a vários trabalhos históricos e estatísticos, coligindo apontamentos e formando grandes quadros, que ele mostrava com justificado desvanecimento às pessoas que o visitavam no seu gabinete da casa da moeda. Entre essas obras havia as seguintes, que ficaram manuscritas: «Catalogo das senhoras rainhas de Portugal»; «Armaria de brasão»; «Descripção dos monumentos sacros de Lisboa, ou colecção de todos os conventos, mosteiros e parochias no recinto da cidade de Lisboa em 1833», em que se mostram os desenhos de seus alçados, e se descreve a beleza que os mesmos continham relativa à arte de pintura, escultura, arquitectura e gravura, recopilada em 1840. É um álbum incompleto de vistas de igrejas, aguareladas, porém, não de desenho perfeito. - Existe actualmente na Biblioteca Nacional, e a ele recorremos bastante para darmos no decurso da nossa História, o aspecto de velhos templos e igrejas de Lisboa, uns desaparecidos completamente, outros muito alterados. - O retrato que hoje damos, é a reprodução reduzida de uma litografia feita sobre um desenho de A. J. Silva.
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Pág. 113 - D Maria Adelaide, esposa de D. Miguel
Reproduz-se de uma fina litografia de Maurin, de 1862, este retrato da augusta consorte do infante D. Miguel de Bragança.
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Pág. 117 - Emblema do «Barco da Carreira dos Tolos»
Como ninguém ignora, a «Barca da Carreira dos Tolos» redigida por José Daniel, era um dos mais curiosos periódicos políticos populares daquela remexida época, de que se está tratando; neste volume da História, e que tão a propósito é tantas vezes citada. Este o motivo por que, do seu frontispício mandámos reproduzir a gravurinha que o leitor tem presente.
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Pág. 121 - Túmulo de D. Afonso Sanches, em Vila do Conde
Existe no convento de Santa Clara, daquela vila, este monumental túmulo em que repousam os restos mortais do fundador do mesmo convento, D. Afonso Sanches, o célebre filho natural de D. Diniz. Aquele infante lançou a primeira pedra do convento em 1318, e, depois de concluído, o entregou às religiosas franciscanas de Santa Clara, doando-lhes ainda, na sua vida, muitos bens, e por sua morte e de sua mulher, deixou-lhes o senhorio da vila e doutras terras, com avultadas rendas. - O convento de Santa Clara e o seu famoso aqueduto são dois monumentos grandiosos, que, avultando gigantescamente sobre as construções da povoação, dão à Vila do Conde um aspecto nobre e particular.
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Pág. 125 - D. Frei Caetano Brandão
Este príncipe da igreja cujas Memórias, de que já há duas edições, o tornaram notável, foi arcebispo de Braga, e ainda se citam com louvor as boas acções que praticou durante o seu episcopado. O retrato que damos é cópia do que acompanha a 1ª edição das Memórias, e tanto o seu desenho como a gravura são obra do celebrado Queiroz, em 1818.
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Pág. 129 - Desembarque do exército libertador nas praias do Mindelo
Reproduz-se esta estampa de uma litografia de Lopes, desenho de Serrano, que adorna o notável livro do Marquês de Rezende «Elogio histórico recitado na Academia Real das Ciências de Lisboa em sessão ordinária de 15 de julho de 1836 e acompanhado de notas e peças justificativas», (Lisboa, Typographia da Academia. 1867). - A estampa traz na parte inferior esta legenda: «Vista da Praia de Arnosa de Pampelido, onde desembarcou o senhor Dom Pedro à frente do exército libertador».
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Pág. 133 - Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato
Foi conselheiro de estado, par do reino, vice-presidente da Academia das Ciências, etc. O retrato que apresentamos é copiado de uma delicada litografia, cujos dizeres são os seguintes: «Máximo do vivo delineou. - Lith. de Manoel Luiz, R. Nova dos Martyres nº 12».
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Pág. 137 - Dr. António Nunes de Carvalho
Lente da faculdade de Direito na Universidade de Coimbra, conselheiro de estado, comendador de Cristo, e cavaleiro da ordem de Nossa Senhora da Conceição. Nasceu em Viseu provavelmente nos últimos anos do século XVIII. Publicou em Paris em 1833 um «Roteiro da Viagem que fizeram os Portuguezes em 1541 de Goa a Suez por D. João de Castro», precedido de um douto e noticioso prefácio e seguido de breves, mas eruditas notas. - O retrato é cópia duma fina litografia, sem outra indicação mais do que o nome do retratado.
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Pág. 141 - Emblema da «Câmara Óptica»
Como a «Barca da carreira dos tolos, a «Câmara Óptica», também de José Daniel, era uma espécie de jornal político popularíssimo, muitas vezes citado neste volume da História, o que justifica a reprodução fac-similada do emblema que se vê à frente de cada um dos volumes de que esse periódico se compunha.
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Pág. 145 - Paços do Concelho de Figueiró dos Vinhos
Dos edifícios modernamente construídos na pitoresca vila, é este sem dúvida dos mais elegantes e bem edificados, pelo que não tivemos dúvida em aqui apresentarmos o seu aspecto exterior.
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Pág. 149 - António José Maria Campello (?)
Bacharel formado em leis pela Universidade de Coimbra, natural de Braga, onde nasceu a 19 de outubro de 1780. Exerceu por alguns anos a advocacia na sua pátria até ser despachado pela corte do Rio de Janeiro, oficial da secretaria de Estado dos Negócios de Marinha em Portugal; condecorado com o hábito de Cristo em 1814. Esteve demitido do seu emprego no período político que decorreu de 1828 a 1833. Neste último ano foi reintegrado e promovido a oficial-maior por decreto de 29, de julho. Foi sucessivamente agraciado com a carta de conselho, com a comenda da Conceição e com o foro de fidalgo da casa real. Foi deputado às cortes em várias legislaturas. Nomeado para o cargo de ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar em fevereiro de 1842, serviu até setembro do mesmo ano em que foi exonerado pelo requerer, sendo-lhe em 1848 concedidas as honras de este cargo. Passando então a ocupar novamente o lugar de oficial-maior da secretaria, nele se conservou ali à data do seu falecimento, a 18 de fevereiro de 1851. É autor de várias composições políticas e literárias, bastantes das quais foram impressas. O retrato apresentado é cópia de uma boa litografia de Primavera.
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Pág. 153 - Palácio dos Marqueses de Vila Real
O palácio dos Marqueses de Vila Real julga-se ter sido construído no reinado de D. Sancho II ou D. Afonso II. D. Afonso V o deu aos condes de Vila Real, depois marqueses, quando lhe deu a alcaidaria da vila. Por morte do último marquês e do duque de Caminha seu filho, por motivo da conjuração contra D. João IV, passou a fazer parte dos bens do infantado, e levantando-se por fim demanda por parte de D. Miguel Luiz de Menezes, neto do 6º marquês de Vila Real e 1º duque de Caminha. O marquês estando em Ceuta teve duma mulher nobre uma filha, D. Antónia, que ele legitimou e veio a casar com D. Carlos Noronha, comendador de Marvão, etc., nascendo deste matrimónio o dito D. Miguel. A demanda durou anos, acabando por uma composição, em que D. Pedro II lhe deu o título de conde de Valadares, e entre outras propriedades este palácio. Por motivo de agitações liberais do século findo, os condes saíram daqui, e vieram parar as casas à mão dum artista, sendo demolida para alargamento da entrada que liga a praça ao Rossio, sendo substituídas por umas casas grandes sem gosto, que pertencem hoje ao filho daquele artista, o sr. Joaquim Zuquetti.
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Escritor portuense, nascido em 13 de dezembro de 1819 e falecido na mesma cidade do Porto em 12 de outubro de 1839. Escreveu diversos artigos no Museu Portuense de 1839, que se diz serem mero plagiato, e um drama, Afonso III, representado em Lisboa e impresso póstumo no Porto, em 1840. O retrato que apresentamos é copiado de uma litografia, que tem as seguintes indicações: «Carneiro desenhou, Porto - Fevereiro de 1837 -Neves lithographou, Porto - Setembro de 1840».
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Pág. 161 - Vista do Porto, na época do cerco
Reproduz-se esta estampa duma excelente litografia que ilustra o «Elogio histórico do senhor rei D. Pedro IV, recitado na Academia Real das Ciências de Lisboa, em sessão ordinária de 13 de julho de 1836 e acompanhado de notas e peças justificativas», pelo marquês de Resende, Lisboa, 1867. Viemos a descobrir mais tarde, que esta litografia era já cópia de outra, inglesa, desenho de Forrester, feita em 1835.
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Pág. 165 - Joaquim Rafael
Foi uma excelente litografia de Sendim, que a «delineou do vivo», que nos serviu de original para o retrato que aqui damos. Joaquim Rafael foi primeiro pintor de câmara e corte. É litografia de 1832. - Quem tiver interesse em conhecer a vida de este pintor, pode lê-la na «Biographia artística de Joaquim Raphael, primeiro pintor de corte e câmara e das obras do real paço d'Ajuda, professor proprietário da aula de desenho histórico na Academia das Bellas Artes de Lisboa, cavaleiro da Ordem de Christo, etc.», opúsculo de 19 páginas, impresso em Lisboa em 1868, e acompanhado de outro retrato diverso daquele que aqui apresentamos, pois foi gravado em 1855 do natural pelo gravador Menezes, e que apresenta o artista numa idade bem mais avançada.
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Pág. 169 - Palácio de Seteais, em Sintra
Foi construído este palácio por um rico negociante inglês em tempo de D. José. No reinado seguinte, de D. Maria I, tendo o seu proprietário umas pendências com o governo português, de que lhe resultou grave desgosto, resolveu sair de Portugal, para nunca mais voltar. Nesta determinação vendeu todos os bens de raiz que neste país possuía. O marquês de Marialva comprou o belo palácio e quinta de Seteais, no qual deu esplêndidas funções e aí recebeu a visita de D. Maria I. - Este palácio é célebre na história de Portugal, porque nele se assinou a chamada «Convenção de Sintra» aos 31 de agosto de 1808, pela qual o exército francês evacuou este reino. Quem desejar mais pormenorizada notícia acerca deste grandioso palácio, veja a Cintra Pittoresca, edição da Empresa da História de Portugal.
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Pág. 173 - João Bernardo da Rocha Loureiro
E não Guerreiro, como erradamente se lê na epígrafe da pág. 173. Foi um vigoroso jornalista que muito padeceu pela causa da liberdade. Nasceu em Gouveia em 1778, e faleceu em Lisboa em 1853. Foi um dos mais brilhantes redatores do Português, e figurou em todas as lutas políticas do período em que viveu. O retrato que aqui damos é reproduzido duma litografia de A. J. Santos, cópia dum quadro alegórico feito em 1823 por Domingos António de Sequeira.
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Pág. 177 - Fachada do palácio dos Marqueses de Vila Real, em Leiria
Veja-se o que acerca deste palácio ficou dito na pequena notícia que consagrámos a outra gravura representativa do mesmo palácio, visto por outro aspecto, em página 153 deste volume.
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Pág. 181 - Mendizabal
O papel importante desempenhado por este notável personagem espanhol nos acontecimentos políticos do nosso país, é que nos induziu a reproduzir nas páginas da nossa História o seu retrato copiado de outro que vem numa história dos acontecimentos políticos de Espanha, no século XIX.
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Pág. 185 - Vista da Serra do Pilar, na ocasião do cerco do Porto
Vem também no Elogio Histórico de D. Pedro IV pelo marquês de Rezende, a litografia que serviu de original à nossa estampa, a qual já é reprodução de outra mais antiga de Forrester, de que só tarde tivemos conhecimento.
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Pág. 189 - João Baptista Ribeiro
Foi um notável mestre de desenho e pintura das altezas, e lente na Academia da Marinha e Comércio do Porto. Este retrato é fotogravado de outro litografado por ele mesmo no Porto em 1833.
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Pág. 193 - Palácio das Carrancas, no Porto
Este palácio foi mandado construir em 1795 por Manuel Mendes de Moraes e Castro e Isidoro Mendes de Moraes e Castro, capitães de milícias e barões de Nevogilde, e de herdeiro em herdeiro veio parar às mãos da quarta baronesa de Nevogilde, que o vendeu em 1861 ao sr. D. Pedro V, ficando sendo desde então palácio real. Nele estabeleceu residência o general em chefe do exército invasor francês; nele se hospedaram os generais Wellington, llsn, Beresford, o príncipe d'Orange, etc., e em 1832, nele residia D. Pedro IV e nele teve o seu quartel general; mas, como os sitiantes, no tempo do cerco, fizessem alvo do palácio e sobre ele chovessem balas e granadas, que muito o danificavam, entrando, inclusivamente um dia uma bala de calibre 24, pelo quarto em que dormia o imperador, despedaçando-lhe a cabeceira do leito, resolveu D. Pedro deixar o palácio.
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Pág. 197 - Fernando VII
A influência que exerceu nos acontecimentos políticos do nosso país nas lutas civis de Portugal, durante parte do período de que trata este volume da História é que nos levou a reproduzir nas nossas páginas o retrato deste monarca de Espanha.
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Pág. 201 - Asilo da Infância Desvalida em Viseu
É um edifício espaçoso, imponente e regular aberto em 14 de junho de 1879. É destinado às crianças desvalidas dos 13 concelhos ao sul do distrito de Viseu, porque os dos outros 13 concelhos do norte são recolhidos no Asilo de Lamego, inaugurado em 1868.
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Pág. 205 - Visconde de Sartorius
Copiou-se este retrato duma excelente litografia de 1836, desenho de Sendim. A legenda que acompanha a litografia que temos presente, diz o seguinte: «Visconde Sartorius Gran-Cruz de Aviz comendador da ordem de Torre Espada, vice-almirante ao serviço de Portugal e capitão de mar e guerra da Marinha Britânica».
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Pág. 209 - Vista exterior do quarto do Palácio de Queluz, em que faleceu D. Pedro IV
Por se ligar aos factos sucedidos nos primeiros tempos da época constitucional, e por nele ter falecido D. Pedro IV, aqui damos um dos aspectos de este histórico palácio real, onde ainda se mostra aos visitantes o quarto em que se deu o lutuoso acontecimento.
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Pág. 213 - Rainha Cristina
Aplique-se a este retrato o que dissemos quando nos referimos aos de Mendizabal e Fernando VII, igualmente reproduzidos neste 9º volume da nossa História.
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Pág. 217 - Batalha dada pelo Marquês de Chaves aos constitucionais, na montanha de Santa Marta
Por ser muito curiosa e um pouco da época reproduzimos a interessante litografia que representa esta batalha, e cujo original foi desenhado no campo da acção por J. M. Cunha e Sousa, croquis que J. J. Teixeira de Macedo depois copiou.
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Pág. 221 - Carlos Honório Gouveia Durão
O retrato deste ministro de Estado foi delineado em 1827 por Queiroz, e depois litografado na real oficina litográfica. É directamente dessa litografia que ele para aqui foi reproduzido.
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Pág. 225 - Imagem de Cristo e altar, na igreja de Figueiró dos Vinhos
Por ser uma obra de arte de um notável artista contemporâneo, o afamado escultor Simões de Almeida, aqui damos a reprodução deste seu trabalho, considerado como uma das suas melhores obras, assim como são consideradas igualmente, a escultura de S. João Baptista, obra do mesmo autor, que ornamenta o nicho que se vê sobre a porta principal da mesma igreja matriz, e a estátua de Camões existente na Biblioteca de Figueiró dos Vinhos que vêm reproduzidas a págs. 261 e 237 deste volume da nossa História.
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Pág. 229 - D. Carlos de Bourbon
Aplique-se a este retrato o que ficou dito quando tratámos dos retratos de Mendizabal e Fernando VII, publicados, respectivamente a págs. 181 e 197 deste mesmo volume.
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Pág. 233 - Faustino J. Roiz
Este Faustino Rodrigues, lente das aulas de desenho e escultura, foi o pai de outro célebre artista, Francisco de Assis Rodrigues, falecido há já uns bons vinte anos e que todos nós tivemos ainda ocasião de conhecer. Reproduzimos este retrato de uma litografia, na margem inferior da qual se lê: «Francisco de Assis Roiz teve a satisfação de retratar seu armabilíssimo pae, na idade de 66 anos, e o lithographou em 1828».
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Pág. 237 - Estátua de Camões
Veja-se o que a seu respeito dissemos na pequena notícia consagrada à imagem de Cristo, do mesmo autor, publicada na pág. 225 de este mesmo vol.
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Pág. 241 - Fachada do Paço de Sintra
Já nas primeiras págs. do vol. 2º desta nossa Historia, demos uma vista desta mesma fachada apresentada sob outro aspecto, bem como no Índice de gravuras do mesmo volume a respectiva descrição; são sempre tão atraentes e tão artísticos, em geral, os monumentos e palácios de Sintra, até nos seus mais pequenos pormenores, que não resistimos ao desejo de para aqui transplantarmos mais esta vista.
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Pág. 245 - Rainha D. Isabel II
Aplique-se a este retrato o que atrás ficou dito acerca dos de Mendizabal e Fernando VII, igualmente reproduzidos em págs. 181 e 197 deste volume.
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Pág. 249 - Barão da Batalha
Sebastião Francisco Severo Drago Valente de Brito Correia de Lacerda Green Cabreira, nasceu na cidade de Faro no dia 4 de outubro de 1808, e foi filho do general Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira e de D. Maria Amélia Alves Pinheiro Correia de Lacerda Green. Por seu pai descendia de D. Antão Cabreira, fidalgo de Córdova que no tempo de D. Afonso V passou a Portugal, casando em 1473 com D. Brites Lobo da Gama, próxima parenta do grande almirante D. Vasco da Gama e por sua mãe descendia duma nobre família inglesa, que ao reino unido forneceu notáveis estadistas e ilustres militares. Assentou praça como cadete a 23 de agosto de 1820, no regimento de artilharia nº 4, de que seu pai era coronel, véspera da proclamação da primeira constituição política do nosso país. A 18 de setembro do mesmo ano foi promovido a alferes, posição em que se conservou até ao ano de 1823, servindo às ordens do valente general Rego. Fez a guerra contra as forças do marquês de Chaves, achando-se nos ataques de Amarante e Santa Bárbara. Fez parte do regimento de milícias de Viseu e do corpo provisório de contingentes, que fez brigada com o bravo batalhão académico, fazendo a campanha daquele ano e assistindo à batalha de Cruxe na Beira em 9 de janeiro de 1827. Tendo emigrado para Espanha pela Galiza, refugiou-se em Inglaterra, donde partiu ilha à da Madeira, e dali à ilha Terceira, onde já se achavam seu pai e seu tio, o bravo general Diocleciano Leão Cabreira, depois barão de Faro. Fazendo parte como tenente do batalhão de caçadores nº 5, desembarcou nas praias do Mindelo no memorável dia 8 de julho de 1832, sendo promovido a capitão do mesmo regimento, em virtude dos relevantes serviços que prestou na batalha de Souto Redondo. No dia 16 de setembro do mesmo ano foi ferido gravemente, tendo que ir curar-se ao hospital de sangue, sendo galardoado pelo imperador com o grau de oficial da Torre e Espada. Ainda mal curado assumiu o comando da sua companhia no dia 14 de outubro, assistindo à sortida de Quebrantões e Vila Nova de Gaia. Em Lisboa, tomou parte na defesa das linhas e em todos os combates e acções que se deram até à convenção de Évora Monte. Fez parte da divisão auxiliar que foi enviada à Espanha, entrando em todas as acções e combates, sendo, em um deles, gravemente ferido. Unindo-se à causa do povo em 1846, foi colocado como comandante no batalhão de caçadores nº 8, prestando serviços de suma importância. Em 1848 foi eleito deputado da nação pela ilha de S. Miguel, votando contra a lei chamada das rolhas, contra as indemnizações do contracto dos tabacos, etc., etc. Em 1851 foi elevado ao posto de brigadeiro e galardoado com o título de barão de Nossa Senhora da Vitória da Batalha. Em 1852 foi nomeado governador da Torre de S. Julião, fazendo erigir, a expensas suas, e dos oficiais da guarnição da praça, o monumento que ali se vê memória do malogrado general Gomes Freire. Em 1861 foi nomeado governador da praça de Abrantes onde fez grandes melhoramentos. Nomeado em julho de 1867 para presidir a uma comissão militar destinada a assistir às grandes manobras do exército francês nos campos de Chalons. Achava-se em França quando, em 12 de novembro do mesmo ano veio aí sucumbir aos seus antigos padecimentos agravados com as fadigas da viagem e dos trabalhos a que se votara. O nosso retrato é cópia de uma aguarela feita em Paris, actualmente na posse de seus descendentes.
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Pág. 253 - Custódia processional de Valega
E não de Valongo, como erradamente se lê na epígrafe que acompanha a gravura. É trabalho do século XVII. É de prata e mede 0,66 de alto. Só aparece nas procissões que saem da igreja matriz.
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Pág. 257 - Joaquim Larcher
Como não seja fácil encontrar dados biográficos acerca deste personagem histórico, aproveitamos o ensejo de os dar aqui tão completos quanto possível, pois nos são fornecidos por um seu descendente o sr. Sousa Larcher, por quem igualmente nos foi graciosamente oferecida a fotografia do seu retrato a óleo, donde mandámos copiar o que o leitor tem à vista.
Joaquim Larcher. - Nasceu na cidade de Portalegre em 1707, filho de D. Rosa Jacinta Ferreira e de José Larcher, súbdito francês que foi contratado em 1772 juntamente com outros patrícios, pelo marquês de Pombal, para a direcção técnica das fábricas de tecidos que se fundaram em Azeitão, Tomar, Covilhã e Portalegre.
Foi nesta última cidade que José Larcher fixou a sua residência como empregado da fábrica real de lanifícios; e onde, depois de ter recebido o producto da herança de seus pais, fundou de conta própria uma nova fábrica que, mercê à sua sagacidade e competência como aluno das escolas profissionais criadas por Colbert, prosperou rápida e notavelmente. A sua qualidade de súbdito francês não o livrou de pagar 12.000 cruzados, que tanto lhe coube na contribuição que foi imposta pelo general Loison na primeira invasão dos franceses em 1808.
Estando em Portalegre o emigrado francês marquês de Ternai, foi em José Larcher que encontrou bondoso acolhimento e todo o auxílio indispensável; e morrendo o marquês em 1813, fez-lhe um pomposo enterro, sendo sepultado numa capela da Sé em sepultura própria, com lápide de mármore, em que estão esculpidos o brasão de armas e nomes do marquês.
Joaquim Larcher frequentou a universidade de Coimbra e formou-se em direito. Foram seus condiscípulos Garrett, F. Folque, Jervis de Atouguia e Francisco Amaral, com quem se conservou sempre em íntimas relações que mais se estreitaram com o segundo e terceiro por alianças de família.
Tendo sua mãe, que era senhora de sólidas qualidades de carácter e de ânimo varonil, já viúva, comprado ao Estado a real fábrica de Portalegre, fixou a sua residência em Lisboa, como representante das fábricas de que era sócio; casando pouco depois com D. Maria Epifânia Lima.
Devotado aos princípios liberais proclamados nelas cortes de 1821, fundou, de sociedade com Garrett, Roma, Midosi e outros, um jornal - O Português - que se tornou célebre pelo vigor e brilho da sua polémica na defesa das ideias mais avançadas, e já tão comprometidas da política liberal; santa tarefa que valeu aos redactores, em 1826, três meses de prisão, cujas portas só se abriram por um indulto com que os vaivéns da oscilante política governamental os favoreceu.
A aclamação de D. Miguel inaugurando uma época de franca e feroz reacção antiliberal, com as violências e vexames que são próprios do fanático despotismo, determinou também, em 1818, a corrente da emigração, que Larcher seguiu acompanhado por seu irmão Francisco, jovem bem-dotado de espírito e simpático.
Fixou a sua residência em Paris e ali, no convívio dos patrícios mais notáveis, foi sempre considerado como homem de valor e de futuro. Entre as pessoas com quem convivia mais intimamente contava-se o grande Mouzinho da Silveira, que, bem inspirado lhe deu o conselho de aproveitar o tempo, dedicando-se ao estudo da administração pública da França.
Foi uma feliz lembrança que Larcher aproveitou com entusiasmo, e sem demora deu princípio a tão importante tarefa.
Mouzinho apresentou-o aos dois irmãos Passi, ambos colocados em alta posição, um como ministro do interior e o outro como prefeito do departamento.
Sob a direcção de tão ilustres e competentes cavalheiros, foi-lhe fácil o exame e estudo de todo o organismo administrativo e financeiro nos seus vários ramos.
De carácter circunspecto, reflectido, persistente e incansável nos trabalhos de gabinete, não tardou em apossar-se do completo e perfeito conhecimento do jogo de todas as molas do sistema da administração francesa, adquirindo assim a alta competência de que mais tarde deu tão brilhantes provas.
Logo que se consolidou a situação liberal no Porto e seguidamente em Lisboa, com a instalação do governo da regência do imperador, regressou Larcher a Portugal; sendo pouco depois, em 24 de fevereiro de 1834, nomeado prefeito da província do Alentejo, e, interinamente, director da Biblioteca Pública, enquanto não podia tomar posse da Prefeitura, o que só se realizou depois da convenção de Évora Monte.
O decreto da sua nomeação de prefeito funda-se no seu merecimento, letras e alta competência adquirida no estudo profundo do Direito administrativo moderno e sua aplicação aos diversos ramos da administração pública da França.
Logo nas primeiras eleições foi eleito deputado. Constituída a câmara não tardou que se levantasse grande celeuma contra a instituição das prefeituras, sendo um dos argumentos que produziu maior efeito dar aos prefeitos a alcunha de reisinhos.
Foi necessário, para acalmar a violência da apaixonada invectiva, tratar-se de nova reforma administrativa, da qual Larcher foi a alma mater, sendo ministro do reino Rodrigo da Fonseca Magalhães. Criaram-se os distritos de área reduzida, e Larcher foi nomeado governador civil de Lisboa, em 25 de julho de 1835.
A revolução de setembro, que ele julgou injustificável, levou-o a pedir a exoneração do seu cargo; e desde então desconsolado por ver a orientação que tomava a política, em transição acelerada e tumultuaria, em lugar de ser pausada e ponderada, afastou-se da política activa; conservando-se numa situação neutral entre os partidos dominantes, onde por igual figuravam amigos seus.
Apesar disso continuou sempre, como anteriormente, a prestar a uns e outros o importante serviço da sua pena na redacção de muitas leis referendadas por Rodrigo da Fonseca, Duque de Saldanha, Ávila, Fontes, Costa Cabral e António de Serpa, que se reportam ao código administrativo de 1842, à construção do teatro de D. Maria II, à inspecção dos teatros, à reforma da Alfândega das Sete Casas, de que foi director, à reforma das repartições de Fazenda, em que foi introduzida a criação transcendente dos delegados do Tesouro e das inspecções periódicas, à criação do ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, e vários outros trabalhos. Esta grande fecundidade de redacção de leis e regulamentos deu ensejo a que o famoso deputado, e brilhante tribuno, Souto Maior, dissesse em plena câmara: - Os senhores ministros lá têm o senhor Larcher para redigir as leis que promulgam, e só a parte decorativa do governo os preocupa! Dizia estas palavras como amarga censura à pouca iniciativa e competência que atribuía aos ministros.
Em 1836 foi encarregado por Rodrigo da Fonseca da reforma da Universidade de Coimbra, cuja sede o governo desejava transferir para a capital. O ministro queria tomar parte nos trabalhos e para isso ia com frequência à casa de Larcher, onde encontrava no seu gabinete uma biblioteca bem sortida das obras mais importantes que tratam de todos os assumtos referentes à instrução superior. Ali compulsavam livros, discutiam e combinavam a orientação e delineamentos de tão importante empreendimento.
Muitas vezes quem escreve estas linhas, sobrinho e comensal, que num quarto próximo estudava as suas lições de matemática, ouvia essas discussões, tendo ocasião de notar que à facúndia do ministro, que por vezes se espraiava em várias com siderações, fugindo um pouco do ponto discutido, Larcher apenas respondia com meia dúzia de frases muito correctas, claras e concisas, que feriam a nota dominante e reclamada pela harmonia. Então o luminoso espírito de Rodrigo da Fonseca considerava um momento e dizia: - Você tem razão, é isso, aí é que bate o ponto!
A revolução de setembro impediu de se realizar tão audaz reforma, que seria, talvez, vantajosa para o estudo de algumas Ciências, cujo lado prático encontraria em Lisboa maior soma de elementos para exercer eficazmente a sua acção; mas que aliás era apaixonadamente combatida, não só pelo corpo docente da Universidade, como por todos quantos eram mais ou menos directamente interessados na conservação da Universidade em Coimbra.
Nas épocas de transição político-social há fatalmente a exaltação dos ânimos que ofusca a lucidez do espírito; a clara e fria razão não impera; mas reina o fanático facciosismo nas opiniões, enaltecendo o que pouco merece e vituperando o que tem algum valor.
Para esta luta descabelada não tinha Larcher jeito nem feitio. A rectidão e independência do seu carácter, tanto como a sua modéstia e falta de ambição, que bem se prova na sua farda limpa de grã-cruzes, afastaram-no do mar revolto da política partidária; mas, tendo amigos nos campos opostos, mantinha-se delicadamente entre uns e outros na mais perfeita neutralidade, não ofendendo ninguém e sorrindo a todos com igual amabilidade. Este equilíbrio de relações entre a discordância dos governos, que periodicamente se substituíam, era notado por muitos e levava alguma pessoa mais íntima a perguntar-lhe: «Como é que o Larcher faz para se manter imparcial e plácido entre gregos e troianos, igualmente apreciado e estimado por uns e outros?»
- Olhe, meu caro, o príncipe de Talleyrand, que era ligeiramente coxo, respondia a quem lhe perguntava de que meio se servia para que, tanto a República como Napoleão e Luiz XVIII o considerassem como o oráculo e menino bonito da diplomacia: «Cest três simple, tenez, comme ci, comme ça, voilà!» E dizendo isto, o príncipe dava uns passos balanceando-se com elegância para a direita e para a esquerda, como é próprio de quem claudica. E Larcher terminava a sua resposta, dizendo: eu tenho imitado o príncipe de Talleyrand para não perder o centro de gravidade.
Quando Larcher foi convidado, em 1852, para aceitar o pariato vitalício, não respondeu logo, ficou hesitante, e, como para endossar a responsabilidade da sua resolução, consultou os membros mais importantes da família, considerando esta como solidária da sua elevação, por um alado sentimento de nobre delicadeza, e nada querendo resolver antes de saber o que lhe seria mais agradável - recusar ele, ou aceitar o título de grande do reino! Apesar de ter sido muito instado por vezes para aceitar uma pasta de ministro, sempre recusou tenazmente.
Uma coincidência notável se deu na família Larcher. Na mesma época em que o ramo estabelecido em Portugal via um dos seus membros elevado à alta magistratura de prefeito de província, por igual, em França, o ramo que lá residia também contava um dos seus membros na lista dos prefeitos do departamento.
Embora Larcher timbrasse em se conservar neutral entre os partidos que se gladiavam, não duvidava, todavia, manifestar a sua opinião nas horas solenes, quando a espada ou a palavra tinham terminado o pleito. Assim, quando chegou a Lisboa a notícia da batalha de Torres Vedras, estando à mesa de jantar rodeado da família e de vários amigos de cores diversas; mostrando-se uns satisfeitos e outros pesarosos, Larcher disse: - Pois meus caros - vae victoribus! não lhes invejo a sorte. Os vencidos tinham razão! Lastimar a triste vitória de resultados duvidosos e amargos, e louvar o legitimo e nobre esforço dos vencidos, é dar prova de imparcialidade e de valor cívico pouco vulgar.
Havendo tão íntimas relações entre Garrett, autor dramático, e Larcher, grande amador de teatro, era natural que este tomasse parte nas representações das peças de Garrett em Coimbra e depois aqui no teatro do Bairro Alto. E assim foi, e com muito êxito e mestria, especialmente no desempenho do papel de Catão; e tão notável que o barão de Quintela, como bom entendedor, quis atraí-lo para as suas festas das Laranjeiras, o que não conseguiu por melindres que se interpuseram.
Para completar esta biografia, diremos algumas palavras a respeito dos irmãos de Joaquim Larcher. Os varões todos se dedicaram à direcção das fábricas; mas liberais convictos, dois emigraram, José e Francisco, que morreram no exílio vítimas da terrível nostalgia; e os outros, António que era casado com D. Margarida Tomásia de Sousa, e João, conservaram-se em Portalegre; mas vivendo cuidadosamente escondidos durante três anos nas suas casas, felizmente vastas e com grandes quintais, onde à noite tinham o alívio e recreio de passear. Foi assim que lograram escapar às visitas domiciliarias dos miguelistas e às suas temíveis consequências - a prisão e a forca. Depois de finda a guerra, João, - desconsolado por ver o rumo que a política levava e nos conduziu à triste época dos pronunciamentos e das revoltas em moto-contínuo -, naturalizou-se súbdito francês. Mas António não desanimou, e dotado de primoroso carácter e ilustração foi vencendo as dificuldades e amarguras dos tempos, e prestando serviços com distinção no exercício de cargos públicos, em Portalegre, como oficial superior da guarda nacional, vereador, procurador à Junta Geral, e conselheiro de distrito permanente, desempenhando nessa qualidade repetidas vezes as funções de governador civil. Foi eleito deputado em 1847, e não foi mais longe porque a sua prematura morte não o permitiu. Das três irmãs que teve, D. Gertrudes casou com o médico dr. Roxo, D. Maria Cândida casou com A. A. Jervis de Atouguia, lente de matemática na Academia de Marinha, e depois ajudante de ordens do conde de Saldanha, deputado, ministro da marinha e dos estrangeiros, par do reino e primeiro visconde de Atouguia. A ortografia do título foi alterada por ordem ministerial, para se evitar que se pudesse supor que se tinha agraciado um descendente de algum dos regicidas de D. José I. Escrúpulos de esta ordem, ou doutra qualquer, e que já não se manifestam nos tempos que vão correndo, em que a mercê de condecorações e títulos não passa de uma operação fiscal e eleitoral, muito rendosa para os intermediários. D. Maria José casou com seu primo Manuel de Andrade e Sousa, que era um belo tipo de austera honradez e hombridade de carácter, cuja ascendência se filiava por linha transversal na antiga família dos Castros de Melgaço. Foi o único da família que, graças à sua hábil diplomacia e ao grande prestígio das loiras efígies dos nossos monarcas, (que ele distribuía cautelosamente na ocasião de recrudescência perseguidora contra os malhados), não havia capitão-mor nem juiz de fora, nem dr. corregedor que o não tratasse com deferência. Havia ainda outra razão de peso para merecer a benevolência dos poderes públicos: - Era ele quem administrava a antiga fábrica real de lanifícios que fornecia os panos para o exército do sr. D. Miguel. Quando a Sra D. Maria II, El-rei D. Fernando e os príncipes D. Pedro e D. Luiz - sendo ministro do reino Costa Cabral - foram em 1843 visitar as fábricas de Portalegre, e dar assim uma prova eloquente de quanto S. M. se interessava pela prosperidade da indústria nacional -, a família Larcher esmerou-se com bizarria em mostrar a sua gratidão pela honra que da régia visita sobre ela se reflectia. O palácio episcopal foi destinado à residência de S. S. Majestades, sendo mobilado, ornamentado e guarnecido com tudo o que a família possuía mais rico e melhor em mobília, alfaias e roupas; servindo-se a Rainha destas últimas, o que não fazia em outras terras que visitou. A fábrica grande, - assim a denominavam depois que deixou de ser real - estava atapetada com panos destinados ao fardamento do exército desde o pavilhão da entrada até ao último andar, nos corredores, escadarias, oficinas e salas de administração; estando todas as máquinas enfeitadas de flores a trabalhar, o que foi notado com satisfação por S. S. M. M. - A Rainha e El-Rei pareciam mostrar muito interesse por tudo que viam e observavam detidamente pedindo alternadamente a Jervis de Atouguia, a Joaquim Larcher e a Andrade explicações de todas as operações que se executavam; incluindo a fundição que se fez, manifestando muito gosto em ver sair do alto forno a corrente inflamada de ferro derretido correndo para os moldes, entre os quais havia um que continha uma placa de metal que apresentava em letras abertas estas palavras: «Viva a Rainha e a família Real». - Na fábrica havia um elevador, o que então era novidade, e a Rainha, vendo o mestre mecânico subir e descer sem correr risco, quis também entrar no camarim, apesar de Jervis lhe representar que podia haver perigo, e sem hesitar, acompanhada por este, subiu ao último andar e descendo para sair no primeiro. - Ora os príncipes vendo aquela ascensão maravilhosa, pediram ao ajudante de campo Calça e Pina e ao duque da Terceira, de os deixarem entrar no elevador, o que fizeram, subindo e descendo mais de uma vez, insaciáveis da brincadeira, que só terminou com a firme intervenção dos dois personagens a cuja vigilância estavam confiados. - Também se fez exposição de todos os artefactos fabricados, entre os quais brilhavam uns xailes de quadrados pretos e escarlates de que a Rainha gostou. Por esse motivo, de tão subido valor, foi pedida licença para ser oferecida uma colecção dos mesmos a S. M., que se dignou aceitar com muito agrado. - A Rainha, como recompensa e por patriotismo, quis introduzir depois a moda destes xailes, e não desdenhou servir-se deles, assim como as suas damas; chegando mesmo a levá-los ainda nos ombros quando entravam nos camarotes de S. Carlos. Por esse tempo, a moda dos xailes pegou e frutificou, falando-se durante dias na viagem a Portalegre. - Não quis S. M. deixar Portalegre sem manifestar a sua satisfação pela entusiástica e cordial recepção que lhe fora feita, e como público testemunho do seu interesse pelo progresso da indústria nacional, fez mercê, a Manuel de Andrade e Sousa, como prémio dos seus prestantes serviços na direcção da fábrica, da comenda de Cristo, que nesse tempo ainda tinha valor: mas que por menos vaidade e mais modéstia, nunca se ostentou no peito do agraciado, senão depois de morto, durante os ofícios fúnebres. - Joaquim Larcher faleceu em 31 de março de 1865, e foi sepultado no cemitério dos Prazeres (Ocidental) em jazigo de família.
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Pág. 261 - Imagem de S. João Baptista
Mais uma escultura de Simões de Almeida que se encontra sobre a porta principal da igreja matriz de Figueiró dos Vinhos, e que aqui reproduzimos pelos motivos expostos quando tratámos da imagem de Cristo do mesmo autor, que se encontra na página 225.
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Pág. 264 - Conde do Cabo de S. Vicente
Sir Carlos Napier, conde Napier de S. Vicente, almirante inglês e almirante honorário da marinha portuguesa, nasceu em 1786 e morreu em 1860. Não lhe fazemos aqui a biografia porque o curioso da matéria facilmente a encontrará aí em qualquer dicionário biográfico, e além disso, a todo o passo são citados neste volume da nossa história factos curiosos da sua vida que se ligam com a vida do nosso país. Aqui apenas daremos a nota de que o nosso retrato é copiado dum excelente desenho de Primavera, litografado na rua dos Mártires, tendo por epígrafe: «Conde do Cabo de S. Vicente - Vencedor da esquadra miguelista».
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Pág. 265 - Coluna do pátio dos dois irmãos
É mais uma das preciosidades artísticas do Palácio de Sintra, pelo que aqui a reproduzimos. Para notícia detalhada, veja-se a Cintra Pintoresca, nossa edição.
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Pág. 273 - Alexandre Fernandes da Fonseca
Este ilustre defensor das classes proletárias, fundador da Sociedade dos Artistas Lisbonenses e patriarca das associações modernas de operários em Portugal, nasceu a 28 de fevereiro de 1798, e faleceu a 5 de maio de 1860. O retrato que aqui damos é cópia de uma excelente litografia da antiga casa Castro & Irmão, Mouraria, 10.
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Pág. 277 - Vista geral do Santuário de Nossa Senhora da Encarnação
Devemos à muita amabilidade do sr. Tito de Sousa Larcher a fotografia do magnífico Santuário de N. S. da Encarnação, de Leiria, donde mandámos copiar a gravura que o leitor tem presente. Àquele cavalheiro aproveitamos o ensejo de agradecer publicamente não só esta, mas ainda outras magníficas fotografias e desenhos de coisas de Leiria, que ele tão obsequiosamente nos tem enviado para enriquecer a nossa História. O sr. Larcher tem em preparação uma monografia de Leiria, em que anda trabalhando há mais de quatro anos, e que, em vista da sua proficiência no assumpto, deve ser um trabalho consciencioso, completo, certamente muito erudito. - A notícia que devia ser consagrada a este Santuário saiu erradamente num dos nossos volumes anteriores, acompanhando a gravura representativa da igreja dos Milagres, que fica a 7 quilómetros de Leiria. Acerca do santuário que a nossa gravura representa, recebemos do sr. Larcher, a quem muito agradecemos a amabilidade, uma interessante monografia saída ainda este ano (1904) dos prelos da Tipografia Leiriense, e intitulada Memória sobre o templo e culto de Nossa Senhora da Encarnação, padroeira da cidade de Leiria.
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Pág. 281 - Manuel José Maria da Costa e Sá
Do conselho de sua majestade, comendador da ordem de Cristo, cavaleiro da ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, fidalgo da casa real, comendador da Ordem da Rosa do Brasil, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, do Conservatório Real, Cronista-mor do Ultramar e do Instituto Histórico Geográfico do Brasil, nasceu em Lisboa a 11 de maio de 1791 e faleceu em 6 de outubro de 1843. Toda esta nota se lê na margem inferior da litografia donde foi copiada a nossa gravura, e nela se veem mais estes dizeres: «Lithographada e offerecida ao III.mo Senr. António Maria da Cunha e Sá, sócio d'Academia Real das Ciências de Lisboa por seu cordeal amigo Nicolau José Possolo Lecoingt no ano de 1825». - No verso da litografia que nos serviu de modelo, e que, infelizmente é o único retrato que conhecemos de Costa e Sá, lê-se a seguinte nota curiosa escrita a lápis, e cujo autor desconhecemos: «O desenho é da invenção de Máximo Paulino dos Reis. - Não se parece nada com o original»!
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Pág. 289 - Igreja matriz de Valega
A primeira igreja paroquial de Valega, que é tradição existir, foi no lugar do Outeiro da Marinha, lado poente da freguesia. Mas porque a população fosse crescendo para o lado nascente, ou por outro qualquer incidente que houvesse no referido monumento, foi destruído, ou demolido para o lado direito do ribeiro da Penedia, e em frente à quinta da Boa Vista. No princípio do 2º quartel do século 18, um violento incêndio consumiu o referido edifício. Por isso a actual igreja foi levantada no fim do populoso lugar de Corga do Sul. O terreno para a edificação foi comprado, por escritura, em 1746, e a provisão para a edificação foi dada em 1749. Tem 5 altares e é duma só nave e três sacristias. É padroeira Nossa Senhora do Amparo, que se venera a 13 de agosto. Perto da actual igreja estão os vestígios da segunda igreja que houve, onde jazem, em sepultura rasa, os restos de D. Belchior de Macedo, gentil-homem que foi da corte d'El-Rei D. Manuel.
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Pág. 293 - António José de Lima Leitão
Cavaleiro professo na Ordem de Cristo, nasceu em Lagos, a 17 de novembro de 1787. Foi nomeado cirurgião ajudante do regimento de infanteria da mesma cidade, e neste posto saiu de Portugal para França em 1808. Cirurgião-mor do batalhão de Pioneiros do Grande-Exército em 1812, e cirurgião-mor no Quartel-General Imperial de Napoleão em 1813. Doutor em medicina pela Escola de Paris. Concluída a paz com a França em 1814, voltou ao serviço português, e dirigindo-se à Corte do Rio de Janeiro, foi, em 1816, despachado Físico-mor da capitania de Moçambique e Intendente de agricultura nos Estados da Índia em 1819. Lente da cadeira de química-médica da Escola Microscópica do Hospital de S. José de Lisboa, em 1825. Presidente do Conselho de saúde pública desde 1844 até 1840. Deputado às cortes ordinárias de 1822 pelo Estado de Goa, e posteriormente pelo reino do Algarve. Membro da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e de várias Academias e Corporações científicas e literárias de Portugal, Brasil, França, Espanha, etc., etc. Morreu em Lisboa a 8 de novembro de 1856. -Escreveu muito e sobre muitos e variados assumptos: medicina, política, poesia, etc.; quem desejar conhecer toda a sua obra pode percorrer o Diccionano de Inocêncio, onde, no 1º volume, encontra detalhadas notícias de toda a sua grande obra. O retrato que aqui damos é reproduzido duma razoável litografia de Macphail de 1853, em que o seu retrato vem a par do do dr. Brilhante.
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Pág. 297 - Capela de Nossa Senhora de Entreáguas, em Valega
Aí pelos fins do terceiro quartel do século XVII, era abade desta freguesia o Reverendo Diogo Lobo, que mais tarde foi bispo da Guarda bem como prior-mor da ordem de S. Tiago e do concelho de Sua Majestade, e por esse tempo, indo ao Porto embarcar num navio destinado a Lisboa, foi o referido navio assaltado por medonha borrasca nas alturas desta freguesia. Vendo-se perdido junto com o navio, Diogo Lobo fez voto à Virgem de Entreáguas, que se venerava no referido lugar em que se ergue hoje a capela e ao ar livre, a qual Senhora, diz a tradição, aparecera, ou aparecia aos seus escolhidos, junto a um frade, se se salvasse daquela corrente procelosa lhe mandaria erigir um mosteiro. O futuro bispo salvou-se, e, com efeito, em 1684 terminou a referida capela, que se ergue ao meio a um grande areal rodeado de extensos pinheirais onde jaz sepultado aos pés da Virgem, bem como outra pessoa que dizem ser uma mulher... As areias são provenientes talvez de até ali ter chegado a ria de Ovar, porque ainda há poucos anos existia lá um profundo lago, hoje arrasado, a que davam o nome de Calado. Em escavações que fazem para extracção de barro, têm sido achados vestígios de antigas habitações, e em outros sítios restos de embarcações e seus acessórios, e até louças antiquíssimas. Nos anos de grandes secas é muito visitado o referido sítio dos povos das freguesias vizinhas que vão em peregrinação pedir à Virgem que lhe acuda, e se ela tarda em fazer-lhe o milagre, os da freguesia fazem-na passear em andor pelos longos caminhos até que chova, por isso tem muitos devotos. Fica ao Iado poente.
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Pág. 305 - Retrato de D. Pedro IV, depois do morto
Esta é mais uma das litografias que acompanham o «Elogio Histórico de D. Pedro IV», pele Marquês de Rezende, o que, para nós, é garantia, pela seriedade da publicação e de quem a redigiu, de absoluta autenticidade.
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Pág. 309 - Fogão de Almeirim, no Paço de Sintra
Acerca desta notável obra de arte existente na sala das Pegas do Paço de Sintra, tomámos do soberbo livro ultimamente publicado pelo sr. Conde de Sabugosa, superiormente ilustrado pela rainha senhora D. Amélia, O Paço de Cintra, os seguintes curiosos apontamentos: «Entre as duas portas ogivais, onde existia o espaldar de azulejo, foi colocada em 1898 a chaminé de mármore de Carrara, que anteriormente estava colocada noutra sala adiante, e que actualmente serve de copa. - Esta chaminé foi presente do papa Leão X a el-rei D. Manuel, em 1515, e existia nos Paços de Almeirim de onde se diz foi transportada por ordem do marquês de Pombal para este Paço de Sintra. O abade de Castro, fazendo dela minuciosa referência acaba perguntando: «Quem deixará de nela reconhecer o estilo sublime e engenhoso de Miguel Ângelo Buonarotti?» Não tem o mínimo fundamento esta asserção. O arquitecto Haupt na sua obra diz: «Em uma das salas do andar principal encontra-se uma obra das mais perfeitas da escultura estrangeira em Portugal, uma chaminé de mármore branco. Temos sem dúvida diante de nós um trabalho superior de qualquer artista italiano do segundo quartel do século XVI, porém, a opinião de que é feita por Miguel Ângelo à primeira vista se vê que é errónea.» - Ele próprio modificou esta opinião, estudando melhor as grinaldas que se veem no friso desta chaminé. E observando as folhas de acanto, que terminam as figuras herméticas, em vez do desenho característico da Renascença italiana, inclina-se a crer que seja trabalho flamengo, lembrando muito as obras de Frans Floris. - Seja qual for a sua origem, é um velho specimen e de grande efeito decorativo, embora não esteja em harmonia com a época e tradição da sala em que hoje se encontra».
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Pág. 313 - Altar-mor da igreja de Figueiró dos Vinhos
Apresentamos este altar, não só pela beleza e preciosidade do trabalho de talha, que a nossa gravura tão nitidamente representa, mas muito principalmente por ser o retábulo - o Batismo de Cristo - uma obra-prima de Malhoa, um dos artistas de maior renome da actual geração de pintores portugueses.
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Pág. 317 - Joaquim Pedro de Sousa
Foi um dos mais notáveis gravadores portugueses do século passado cujo retrato reproduzimos duma excedente litografia da época.
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Pág. 321 - Fr. José Marques
Foi um notável professor de música, para cuja biografia o leitor curioso pode recorrer ao livro do sr. Joaquim de Vasconcelos Os músicos portugueses (págs. 171 a 174 do 2º vol.), bem como ao Diccionario dos Músicos Portugueses do sr. Ernesto Vieira (2º vol. págs. 309 a 317). O retrato que damos é cópia de outro da época, desenhado por P. A. José dos Santos, e litografado por Calasans.
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Pág. 329 - João de Sousa Pinto de Magalhães
Este ilustre estadista português nasceu no Porto em janeiro de 1790 e faleceu a 1 de maio de 1865. A História ocupa-se largamente deste personagem, cujo retrato reproduzimos duma excelente gravura em aço, de Sousa, estampada na Academia das Belas-Artes de Lisboa.
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Pág. 333 - Torre de Queluz
É uma das mais elegantes construções do principesco palácio, ao qual D. Pedro III dedicou todos os seus cuidados, elevando-o ao grau de sumptuosidade a que ele chegou. Principiaram os trabalhes em junho de 1775 e progrediram até 25 de maio de 1776, em que faleceu D. Pedro III. Pararam os trabalhos até que, em 179_, D. Maria I mandou construir um novo corpo do palácio onde residia. - Tal era a magnificência destas obras, que todos os grandes rendimentos da casa do infantado apenas chegaram para se concluírem os jardins, sendo preciso que a rainha mandasse dar um grande subsídio tirado do tesouro público para a continuação do palácio, que, mesmo assim, ficou incompleto.
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Pág. 337 - Igreja de Santa Maria, em Sintra
É fundação de D. Afonso Henriques quando conquistou a vila de Sintra; foi reparada posteriormente das injúrias do tempo, principalmente depois do terrível terremoto de 1755, correndo as despesas da obra por conta do prior e mais beneficiados da dita igreja.
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Pág. 341 - António Pusich
Este distinto oficial ilírio ao serviço de Portugal, nasceu em Ragusa a 15 de dezembro de 1760 e veio a falecer em Lisboa em 9 de fevereiro de 1838. Sua filha, a ilustre escritora D. Antónia Gertrudes Pusich, escreveu de seu pai, em 1872, uma interessante biografia, onde os curiosos poderão então conhecer aquela importante personalidade. O retrato que aqui damos é copiado duma regular litografia de Macphail de 1852.
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Pág. 345 - Túmulo de D. Diogo Lobo
Jaz sepultado em mausoléu de Ançã, aos pós da Virgem de Entreáguas, bem como com outra pessoa ao lado, que se supõe ser uma mulher. D. Diogo Lobo, bispo da Guarda, prior-mor da ordem de S. Tiago e do conselho de Sua Majestade, como se vê aberto em caracteres no referido monumento.
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Pág. 349 - António Maria dos Santos Brilhante
Veja-se em Inocêncio, volume I, pág. 202 e volume VIII, págs. 248 e 249, a biografia deste notável médico homeopata, um dos mais curiosos tipos que Lisboa conheceu há-de haver uns 20 anos, porque há aproximadamente essa época que desapareceu do mundo dos vivos essa original figura, que nasceu em 182_. O retrato que aqui damos é copiado duma litografia de 1853, em que ele aparece a par de António José de Lima Leitão, com quem foi redactor do Esculápio por aquela época.
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Pág. 353 - António de Seabra da Motta e Silva
Homem de generoso e magnânimo coração e magistrado integérrimo e erudito. Nasceu em Mogofores no segundo quartel do século XVIII e teve a honra insigne de ser o progenitor do grande visconde de Seabra. Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, ouvidor na Vila do Príncipe, Brasil, veio a falecer em Vila Flor, onde jaz sepultado, sendo corregedor na câmara de Moncorvo, nos princípios do segundo quartel do século passado. Foram seus pais Jacinto de Seabra da Motta, dos legítimos Seabras (esta família procede de Mem Rodrigues de Seabra, fidalgo galego, senhor de Puebla de Senabria, que no tempo de el-rei D. Fernando I fez seu assento na vila da Feira, de que foi também senhor), e D. Teresa Joaquina da Silva. Casou com D. Doroteia Bernardina de Sousa Lobo Barreto, dama formosíssima e muito ilustre, oriunda, pelos Sousas, da casa de Soutelo, Trancoso, e dela teve os seguintes filhos: (a) - D. Josefa de Seabra, que casou com José António de Oliveira Pegado, senhor da casa e morgado do Mogadouro, de quem procedem os Pegados de Trás-os-Montes; (b) - António Luiz, o grande visconde de Seabra, que casou (pág. 373 deste volume); (c) - D. Ana de Seabra, que casou com seu primo co-ir- Manuel Ferreira de Seabra da Motta e Silva, primeiro barão de Mogofores, do conselho de Sua Majestade, comendador da Ordem de Cristo, deputado às cortes em 1840 e juiz do Supremo Tribunal de Justiça, e. s.; (d) - D. Domitília e D. Carlota Joaquina, esta afilhada de el-rei D. João VI e da rainha D. Carlota Joaquina, solteiras, falecidas em Vila-Flôr, e (e) - D. Felicidade Perpétua de Seabra, que casou com Francisco Leite Pereira de Almeida, capitão de cavalaria e senhor de um vinculo em Vila-Flôr, de quem procedem os Seabras de Trás-os-Montes. - Tanto o retrato deste ilustre personagem, como o de seu filho, são feitos sobre fotografias tiradas de quadros existente em poder de seus descendentes.
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Pág. 357 - Torre de Dornes
Dornes é uma pequena vila da Extremadura, 20 quilómetros ao N. de Tomar; e uma das suas curiosidades mais notáveis é esta torre, que uns dizem ser obra dos mouros, outros que fundada por Sertório, e outros ainda que pelos templários em 1160. Serve de torre dos sinos da igreja de Nossa Senhora das Dores, que depois degenerou em Dornes (diz P. Leal).
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Pág. 361 - Janela gótico-árabe do Paço de Sintra
A janela que a nossa gravura representa é da actual casa de jantar do Paço de Sintra e deita para o pátio do Leão; as suas molduragens são mais ricas em decoração do que as das outras duas janelas da mesma sala, embora as formas gerais sejam idênticas; é da época de D. João I, como as outras duas. «As canas das colunas (Paço de Cintra, pág. 107), num feixe de estreitos fustes, que formam essa molduragem, são três. As bases polígonas desses fustes são ornamentadas, e os capitéis das colunas de mármore são trabalhados com a forma de folhagem e não têm o capitel mourisco dos outros. Além disso, o entrançado de mármore, que liga os dois arcos desta janela, dá um ar de transição para uma época arquitectónica mais rica de decoração.»
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Pág. 369 - Altar-mor da igreja de Santa Margarida, no Lavradio
É a obra de arte mais digna de ver-se que tem esta igreja, que é a matriz do Lavradio, e que fica situada num outeirinho, do qual se avista em toda a sua extensão e num panorama lindíssimo, toda a cidade de Lisboa. Lavradio era uma povoação que foi elevada à categoria de vila por D. Pedro II em 1670, em atenção a Luiz de Mendonça Furtado, vice-rei da Índia, a quem fez nesse ano conde do Lavradio, terra donde aquele vice-rei era natural.
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Pág. 373 - António Luiz de Seabra, visconde de Seabra
Nasceu em 2 de dezembro de 1798 nas alturas de Cabo Verde, a bordo da nau Santa Cruz, em que se dirigiam ao Rio de Janeiro seu pai, o cavaleiro de Cristo António de Seabra da Motta e Silva, ouvidor nomeado para a vila do Príncipe, e sua mãe D. Doroteia Bernardina de Sousa Lobo Barreto, de famílias ilustres e antigas. Foi batizado em 9 de fevereiro de 1799, no oratório do coronel Manuel Alves da Fonseca e Costa, residente no Rio, sendo padrinhos D. Josefa Emília de Seabra, irmã do neófito, e Luiz Beltron de Gouveia de Almeida, chanceler da Relação daquela cidade. Grã-cruz das Ordens de S. Maurício e de S. Lázaro, de Itália, comendador e grã-cruz da Ordem brasileira da Rosa, cadete honorário dos dragões de Minas Gerais, feito no berço por el-rei D. João VI, deputado às cortes em várias legislaturas, membro da junta popular do Porto em 1846, ministro e secretário de estado dos Negócios de Justiça, par do reino, reitor da Universidade de Coimbra, juiz do Supremo Tribunal de Justiça, etc., etc. Foi o visconde de Seabra, além de eminente na poesia, na literatura e na política, um dos maiores jurisconsultos do seu tempo e de todos os tempos. Como literato e como poeta, para nos servirmos das palavras de um seu ilustre panegirista, conseguiu nacionalizar, pelas suas primorosas e corretíssimas versões, Homero e Ovídio, fazendo-os falar com pureza e elegância a língua de Camões. Com um organismo excecionalmente vigoroso e persistente, espalhou as harmoniosas e fulgurantes irradiações de um cérebro portentoso, de uma das mais robustas inteligências, que a pátria regista ao lado de Herculano, Garrett, Castilho e Latino Coelho. Mas nenhum destes deixou herança mais opulenta. Nenhum destes personificou melhor o talento e o trabalho. Como jurisconsulto, diz ainda o senhor dr. José Dias Ferreira, o seu nome atinge a glória dos maiores jurisconsultos do seu tempo, tendo para cingir-lhe a luminosa fronte, como coroa augusta de talento e de trabalho, a obra monumental do Código Civil, talvez o primeiro da Europa; e honrando-lhe a memória, honramo-nos a nós. O seu nome rebrilhará perpetuamente na insigníssima obra que nos legou; e, para o fixar no juízo da posteridade, isso vale mais do que as melhores estátuas, feitas de mármore ou fundidas em bronze. Este ilustre filho de Portugal, uma das nossas maiores glórias, faleceu em 29 de janeiro de 1895, com 96 anos, na sua casa de Santa Luzia, em Mogofores, jazendo as suas cinzas, para vergonha dos governos deste país de ingratos, esquecidas, em um simples e modesto mausoléu de família no cemitério daquela freguesia. O visconde de Seabra foi casado duas vezes. Do primeiro matrimónio, com D. Doroteia de Seabra da Motta e Silva, sua prima, irmã do 1º barão de Mogofores, teve os seguintes filhos: António Luiz, que reside, casado, actualmente em Lisboa; Álvaro Ernesto, que faleceu, solteiro, sendo juiz da Relação de Lisboa, e um outro filho, autor de uns sermões que correm impressos, que faleceu, ainda muito novo, prior em Cássia. Do segundo matrimonio, com a actual viúva viscondessa de Seabra, existe um filho, Aristides de Seabra, solteiro, residente em Mogofores. - Quanto à autenticidade deste retrato veja-se o que dissemos aquando do retrato de seu pai, António de Seabra da Motta e Silva.
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Pág. 377 - Igreja matriz de Mira
Mira era uma antiga aldeia pertencente à freguesia de Minde, da qual foi desdobrada para formar freguesia independente, no fim do século XVII ou princípio do XVIII. Por uma inscrição que se vê no frontispício da igreja matriz, sabe-se com certeza que Mira era já freguesia em 1720. No lugar da actual matriz já havia uma capela muito antiga dedicada a Nossa Senhora do Amparo, que foi ampliada para servir de igreja paroquial. A inscrição a que acima nos referimos é a seguinte: «1720. Esta obra fez-se, sendo cura Francisco Mendes da Cruz, juiz António da Cruz, e procurador José Lopes.»
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Pág. 381 - José Cabral Teixeira de Morais
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Pág. 385 - Fernando de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos
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Pág. 393 - Valega - Capela do Senhor dos Aflitos, no lugar do Souto
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Pág. 397 - José Câncio Freire de Lima
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Págs. 404 e 405 - Hino de D. Miguel
Por ser pouco conhecido, e porque é natural que muitos o desejem conhecer, reproduzimos, um tanto reduzido no tamanho, este hino, que, no original, tem este frontispício: «Novo hymno realista militar, composto por Manuel Innocencio dos Santos, mestre de sua magestade o senhor D. Miguel I - Lisboa, Off. Lithog. de Santos. Na Praça das Flores, nº 3.»
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Pág. 421 - António Maria Fidiê
É igualmente cópia duma excelente litografia de Santa Bárbara, estampada em 1848, o retrato qua aqui damos deste distinto personagem.
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Pág. 425 - Fachada do convento da Arrábida
Na ladeira da serra da Arrábida, que olha para o mar, e quase no meio dela, está o convento de capuchos franciscanos, chamados arrábidos, fundado em 1522 por Frei Martinho de Santa Maria (castelhano), filho dos condes de Santo Estevam del Puerto; ao qual fez doação desta serra D. João de Alencastre, primeiro duque de Aveiro e parente do dito frade. Aqui viveu S. Pedro de Alcântara. - Este frei Martinho morreu no hospital de Lisboa a 2 de janeiro de 1545. - Não é este convento um edifício continuado como os outros; mas compõe-se de várias celas (ou pequenos cubículos) espalhados por diversas partes da montanha, mas todos dentro de um dilatado muro, que lhe serve de clausura, à maneira dos antigos Zuavos do Egito e Palestina. - Eram pobríssimos estes cubículos e tão estreitos que apenas lhes cabe uma pessoa. A igreja é pobre como o convento e só tem três altares. - Portugal antigo e moderno,1º vol., pág. 238.
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Pág. 429 - Maestro Casimiro
Não se pretendendo aqui fazer a biografia deste notável maestro português, apenas nos incumbe justificar aqui a autenticidade do seu retrato. Joaquim Casimiro nunca quis o seu retrato; mas um seu amigo muito dedicado, um conhecido pintor da época, Rocha, tão impressas tinha na sua afeição as feições do mestre musical, que as reproduziu pelo lápis e de memória, sendo depois litografado o seu retrato por Serrano, que o publicou em o nº 6 do 5º ano, 1868, da Illustração Popular. Foi daí que para aqui o copiámos.
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Pág. 433 - Palácio dos duques de Palmela, em Azeitão
É chamada Quinta do Calhariz e fica situada a cerca de 3 quilómetros de Sesimbra, entre esta vila e Azeitão, a formosa vivenda cuja fachada aqui damos, e que constitui uma das mais sumptuosas moradias daqueles sítios. Como curiosidades artísticas damos mais adiante também (págs. 441 e 501) dois aspectos da opulenta casa de jantar dessa magnífica habitação.
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Pág. 437 - D. Augusto, príncipe de Leuchtenberg
Este retrato do primeiro marido de D. Maria II, o príncipe Augusto, duque de Leuchtenberg e Santa Cruz, príncipe de Eichstedt, etc., etc., é copiado de uma excelente litografia de Hanfstaengel, impressa em Munich, que o desenhara sobre uma bela pintura de L. Stieler.
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Pág. 441 - Aspecto da casa de jantar do Palácio Palmela, em Azeltão
Veja-se o que atrás dizemos acerca do palácio em geral.
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Pág. 445 - António César de Vasconcelos Correia
O retrato que aqui damos deste valente militar é cópia duma litografia pela qual vemos que foi desenhado pelo conhecido artista Santos e litografado por Villas Boas em 1846.
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Pág. 449 - Gravura alegórica ao estabelecimento do governo constitucional
É muito rara esta gravura, pelo que daremos acerca dela todas as explicações, que, no original, nela se inscrevem, o que a torna facilmente compreensível para os mais leigos nesta ciência de decifrar alegorias. Eis o conteúdo da tal inscrição: «1. A Arvore symbolisa a bem entendida e regulada Liberdade, capaz só de produzir muitos e preciosos fructos como são a Paz, Abundância, Agricultura, Commercio, Navegação, Sciencia e Artes, brotados das differentes ramificações da mesma Arvore. - 2. El-Rei o Senhor Dom Pedro IV digno de eterna e saudosa Memória, outorgando aos Portuguezes o sublime Código que os rege, e recomendando à Augusta Rainha sua Filha, a perpetua guarda de tão precioso penhor. - 3. A Serpente, symbolo da Sabedoria e timbre de Quinas Portuguezas, defende com quanto esforço em si cabe o productivo tronco com que se acha enlaçada. - 4. O despotismo com golpes fataes, crê levar duma vez a Arvore que tanto detesta, e, para complemento de seus horríficos fins. associa cúmplices de eguaes sentimentos. - 5. A Ambição e Perjúrio representados nas figuras dos Griphos prestam constante auxilio ao execravel Despotismo. - 6. O Génio velador de Portugal implora a protecção da Justiça a pró da Causa da Liberdade e Legitimidade do Throno Portuguez. - 7. Celestes signaes annunciam a apparição da Justiça, que logo se realiza em toda a sua Magestede; raios do Céo esmagam e aterram o Despotismo e seus adjuntos. - Possa, pois, esta alegoria servir de exemplo tanto a maus como a bons, estes para que nunca se desviem dos verdadeiros trilhos, e os outros para que se emendem se forem suscetíveis disso.» - Em baixo da gravura lê-se este título: «A Justiça Triunfante e o Despotismo Punido. Allegoria dedicada aos fiéis e valerosos Portuguezes.» -Gravadores, estampadores, data, local de impressão, etc. estão indicados nestas palavras gravadas aos cantos inferiores da estampa: Sousa & Gradil, Rua Formosa nº 46. Lisboa, ano 1835. - Fontes sculp.» -Todos os dizeres aqui reproduzidos, títulos, etc., tudo é gravado. - A estampa propriamente dita mede 0,43 de alto por 0,32 de largo.
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Pág. 457 - Padre Marco Pinto Soares Vaz Preto
Este célebre padre, tão conhecido pelo nome de Padre Marcos, era filho de uns pobres pescadores de Sesimbra, onde nasceu em 1382, vindo a falecer, em Lisboa, em 1351. Foi um cartista declarado, sendo eleito deputado em 1842 e em várias outras legislaturas. - O povo atribuía-lhe uma influência nefasta no ânimo de D. Maria II, de quem era esmoler-mor e confessor. O retrato que aqui damos é copiado de uma excelente litografia de Primavera, estampada em 1834.
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Pág. 465 - José Gomes Monteiro
Por comunicação particular do maior e mais ilustrado coleccionador de retratos portugueses, que entre nós existe, o ilustre bibliófilo e bibliógrafo sr. Aníbal Fernandes Tomás, soubemos ser o retrato que aqui damos como de José Joaquim dos Reis e Vasconcelos, de José Gomes Monteiro, o escritor ilustre bem conhecido pelos seus eruditos trabalhos literários. A causa do erro foi não ter a velha litografia, donde o copiámos (de José Alves Ferreira Lima, Porto 1842, estampada na oficina de M. L. da Costa, em Lisboa) indicação alguma da estampa, e lermos no exemplar que possuímos o nome de José Joaquim dos Reis e Vasconcelos, como se fora este o nome do indivíduo retratado.
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Pág. 473 - Capela de S. Gonçalo, em Valega
Outra das antiguidades desta vila, e que tem todo o pitoresco, com a sua torresinha no alto da fachada, e o seu aspecto de capelinha de aldeia.
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Pág. 481 - D. Miguel Ximenes (Visconde de Pinheiro)
Nasceu este valente militar, que veio a ser general do exército, em Montevideu, em fevereiro de 1806 e faleceu em maio de 1884. Tomou parte brilhante em todo o movimento liberal. Acompanhou Saldanha nos diversos movimentos políticos dirigidos por este marechal. A História ocupa-se dele largamente. - O retrato que aqui damos é copiado de uma magnifica litografia que o apresenta de corpo inteiro, cujo desenho é devido ao lápis de Santa Bárbara, tão notável na factura de trabalhos deste género. A litografia é de 1851.
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Pág. 489 - O Paço de Sequeiros
Casa antiquíssima, cuja fundação remonta aos primeiros anos da monarquia. É um dos genuínos solares portugueses. Situado na encosta dum alto monte, na freguesia do Couto de Gondufe, alguns quilómetros a leste de Ponte do Lima, é um dos ornamentos mais sugestivos do belo trecho de paisagem que se descobre da estrada que liga aquela vila e a de Ponte da Barca, pela margem esquerda do Lima. Assolado pelos castelhanos durante a guerra da independência, longo tempo permaneceu em ruínas. Assim o conheceu o padre Carvalho que a ele se refere no tomo 1º da sua Corographia Portuguesa (pág. 142 da 1ª edição). José Augusto Vieira e Pinho Leal, ignorando que o Paço de Sequeiros fora reedificado nos últimos anos do século XVIII, ainda mencionam «as suas ruínas» no Minho Pittoresco e no Portugal Antigo e Moderno. Dado, com todo o Conto de Gondufe, por D. Afonso Henriques a D. Egas Fafes de Lanhoso, filho do alferes-mor do conde D. Henrique, na descendência desse notável rico-homem se continuou até aos nossos dias. É actualmente senhor desta casa e chefe da linhagem dos Sequeiros, em Portugal, o sr. D. Francisco de Vasconcelos Sousa Castro e Mello de Sequeiros e Abreu, residente em Viana do Castelo.
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Pág. 497 - Padre Francisco da Silveira Malhão
Copiou-se de uma excelente litografia que acompanha a celebrada oração fúnebre em honra do conde de Barbacena, o retrato do ilustre pregador Francisco Rafael da Silveira Malhão. Era natural de Óbidos e faleceu em 1860.
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Pág. 501 - Outro aspecto da casa de jantar do palácio de Palmela, em Azeitão
Veja-se o que atrás dissemos do palácio em geral, na pequena notícia com que acompanhamos a gravura representativa da fachada.
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Pág. 505 - O Remexido
Duma litografia de Sendim que acompanha a biografia do famoso guerrilheiro José Joaquim de Sousa Reis, o Remexido, se copiou este retrato de uma individualidade que tanto figurou nas lutas civis entre absolutistas e constitucionais, e de quem o sr. Barbosa Colen tanto se ocupa neste nono volume da História.
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Pág. 509 - Igreja do castelo de Sesimbra
Esta igreja, chamada de Santa Maria ou de Nossa Senhora da Conceição ou do Castelo, está situada mesmo dentro do castelo, é de uma só nave, mas tem sete altares. Está no sítio onde era o castelo dos Mouros, como o atestam as muralhas e torreões que a cercam. É quase tão antiga como a monarquia, pois foi edificada em 1160. Era igreja da ordem de S. Tiago, pelo que era a mesa da Consciência quem apresentava o seu prior. Além do prior tinha dois beneficiados, da mesma apresentação.
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Pág. 513 - Manuel da Silva Passos
O retrato deste político célebre tão amiúdo citado neste mesmo volume da História de Portugal é copiado, com grande redução, de uma excelente litografia de João Baptista Ribeiro, Porto 1837. A litografia original tem por baixo do nome esta nota: «Dedicado aos seus amigos».
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Pág. 521 - Quartel do Castelo de Almeida
Almeida era uma velha vila da Beira Baixa, tomada aos Mouros em 1190 por D. Sancho I de Portugal; mas com as intermináveis guerras daquele tempo, ficou quase arrasada e despovoada. Assim a achou D. Diniz, pelo que a mudou para o sítio actual, fazendo-lhe o castelo e dando-lhe foral em 1296. D. Manuel ampliou as fortificações e a vila, e deu-lhe novo foral em Santarém em 1510. - É cercada de muralhas de cantaria com duas portas (Santo António e S. Francisco) com uma fortaleza no alto da vila, com duas torres, esplanadas, armazéns, paióis, estradas estreitas, cisternas e grandes quartéis subterrâneos, etc., etc. - Onde hoje é a cidadela, era o antigo castelo de D. Diniz, o qual D. Manuel ampliou e reformou. No século XVIII caiu nele um raio que bastante o danificou: mas logo foi reparado. Na nossa História se faz por muitas vezes menção desta famosa praça, que tanto figurou nos acontecimentos políticos do país, principalmente no tempo da invasão francesa e nas lutas cruas entre D. Pedro e D. Miguel.
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Pág. 525 - Conde de Ferreira
Joaquim Ferreira dos Santos, mais tarde conde de Ferreira, foi um benemérito da pátria, e a sua memória é abençoada por quantos lhe conhecem o valor; é de ver o seu notável testamento. Não parecerá, pois, extraordinário, que apareça o seu retrato na História de um país que tanto lhe deve. Copiámo-lo duma excelente litografia de Alves, do Porto, estampada em 1842 em Lisboa.
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Pág. 529 - Apólice do tempo de D. Miguel
Chamámos-lhe na epígrafe de D. Miguel, porque o exemplar reproduzido tem a meio o carimbo de «D. Miguel - 82»; estas apólices, porém, como facilmente se verificará pelos seus dizeres, vigoraram desde 1798, e vigoraram muito tempo depois, pois que muitos há, e dois tivemos em nossa mão, do tempo de D. Pedro IV; essas apólices tinham, em vez do carimbo que se vê na nossa gravura, outro com o nome de «D. Pedro», e outra data.
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Pág. 533 - Joaquim António Mendonça de Menezes
De uma excelente litografia de Santa Bárbara, Lisboa, 1851, copiámos o retrato deste distinto português.
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Pág. 537 - Quartel de infanteria (às Portais da Cruz), no Castelo de Almeida
Leia-se acerca deste castelo o que atrás dizemos nas poucas linhas que acompanham a gravura representativa do quartel daquela notável praça de guerra.
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Pág. 541 - António Roberto de Oliveira Lopes Branco
Foi igualmente outra excelente litografia de Santa Bárbara (1860) que serviu de modelo para o retrato que aqui damos deste homem que tanto figurou na política portuguesa do século XIX.
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Págs. 548 e 549 - O cinco por cento português
Prescinde de qualquer explicação a reprodução desta gravura; quem tiver boa vista, ou quem não a tiver, armado de boa lente, poderá ver pelas indicações de que vem recheado, o valor deste papel de crédito e os intuitos da sua criação, pois que ele foi emitido em 1836, isto é, já dois anos depois de estabelecido em Portugal o sistema constitucional.
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Pág. 561 - João Elias da C. F. e Sousa
É cópia duma litografia de Santa Bárbara, 1851, o retrato que aqui damos deste ilustre político.
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Pág. 565 - Aspecto geral do Castelo de Almeida
Veja-se acerca deste castelo o que ficou dito um pouco atrás, na pequena notícia dedicada à gravurinha representativa do quartel na mesma praça.
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Pág. 569 - F. A. F. da Silva Ferrão
A seu tempo se falará neste personagem, que tão importante papel desempenhou na política portuguesa do reinado de D. Maria II. - O retrato que aqui damos é cópia duma excelente litografia, em grande formato, que os seus amigos mandaram fazer para lhe honrar a memória.
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Pág. 573 - Outro aspecto do Castelo de Almeida
Para explicação acerca deste castelo, veja-se a notícia que em linhas atrás consagrámos ao quartel da mesma praça, cuja fotogravura publicámos em pág. 511 deste mesmo volume.
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Pág. 577 - Inocêncio Francisco da Silva
Era dever nosso ilustrar a História de Portugal com o retrato deste vulto do notabilíssimo bibliógrafo, e que, no seu género literário, melhor do que ninguém soube honrar a sua pátria. O retrato é copia duma bela gravura em aço do indefesso homem de letras.
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Pág. 585 - Portal do antigo convento da Carnota
O portal que por equívoco se disse ser da Carnota é de facto portal da antiga igreja do convento de S. Jerónimo do Mato, no concelho de Alenquer. É escultura manuelina, denunciada pelas esferas armilares na parede de um e outro. Hoje serve de entrada para a capela do ex-convento, de construção moderna.
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Pág. 589 - Jerónimo Moraes Sarmento
A biografia deste ilustre militar, que foi um dos bravos do Mindelo e que acompanhou todo o movimento liberal, encontra-se feita no livro Aveiro do distinto homem de letras o sr. Abreu Marques. Jerónimo Moraes Sarmento foi pai do talentoso e honrado general José Estevão de Moraes Sarmento, que seguiu as nobilíssimas tradições de seu pai, que tão considerado foi por todos quantos tiveram o prazer de o conhecer. O retrato é cópia do que acompanha a biografia a que acima nos referimos.
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Pág. 593 - Retábulo do altar-mor da igreja do extinto convento da Carnota
Retábulo do altar-mor da igreja do extinto convento de Santa Catarina da Carnota no concelho de Alenquer, fundado em 1408. Nesta igreja foram enterrados o capitão da Índia, António Corrêa Baharem, o navegador Manuel de Mesquita Perestrello, o doutor Diogo Pacheco e outros vultos históricos.
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Pág. 601 - Túmulo dos dois irmãos
Veja-se no livro Cintra Pittoresca, publicado pela nossa Empresa, as linhas dedicadas a este curioso monumento, que tanto chama as atenções do curioso que visita Sintra.
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Pág. 609 - Francisco Maria de Mello Baracho
Nasceu em Vila Franca de Xira e era filho de José Faustino de Mello Baracho e de D. Maria José da Silva Amaral. Com a patente de cadete partiu para o Brasil, onde fez a campanha de Montevideu. De volta à metrópole, tomou parte em todos os ataques e acções da guerra contra os franceses, onde alcançou a maior parte dos seus postos. Liberal convicto, fez a campanha liberal, reformando-se com a patente de marechal. Depois de reformado governou o asilo de Runa, onde prestou relevantes serviços e onde faleceu de provecta idade. O seu retrato é cópia dum daguerreótipo em poder dum dos seus representantes.
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Vol. 9
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